domingo, fevereiro 25, 2007

Summerdead

O efeito do álcool quase passando
E meu corpo ainda entorpecido esperando
O amanhecer já vem e minha sanidade também
Risos sôfregos por ter que lembrar tudo aquilo que sou
E esquecer que no álcool fui feliz
Minha felicidade escondida entre gotas numa garrafa
E a besta que vive em mim alimenta-se das minhas lágrimas
Hoje não serei mais a mesma
Hoje serei apenas o rascunho de ontem
Esse amanhã que se aproxima revela meu futuro
Que será vazio com pessoas em volta
Correndo e correndo, vivendo e vivendo
E eu, entre elas a observar
Suas bocas se mexendo seus pés sempre andando
O primeiro coadjuvante da minha tragédia pessoal se aproxima
Olhando pra mim com piedade, observando meu corpo obsoleto
E eu só consigo imaginar, observar com os olhos
A única coisa que consigo fazer mover...
Ele não foi capaz de ler o que eles diziam, só entende o meu estado físico
Se ele entendesse... Talvez sentisse nojo
Nojo pelas perversidades que causei
Isso me trouxe risos internos, já que não pude falar
Minha vingança contra esse homem que sente piedade de mim
Deixe-me, velho. Não preciso desse olhar
Tudo que não preciso agora é de um olhar como esse
Vá embora, continue a viver.
Deixe-me com os meus pecados... Deixe-me morrer
O sol já nasceu e eu nem percebi, só sinto agora o seu calor no meu rosto
Esmagando meus olhos que se acostumaram com o escuro
Ah... Como eu queria que a noite durasse mais...
Seus braços negros que esconde minhas maldades
Só com a lua a me velar
Como uma mãe que adota
Como sua filha, como sua cúmplice...
Inspirando-me a continuar
Agora, espero o efeito do álcool passar.
Irei pra casa e depois quando o sol se deitar
Os ratos e leõs estarão à solta
E toda cautela será pouca
Ou você também pode se sujar...